Com a evolução dos comportamentos de busca, estratégias de otimização para marcas passam a exigir construção de credibilidade e adaptação contínua
Nathalie Folco, Head de Digital para América Latina
Com o passar do tempo, a forma como buscamos informação online mudou de maneira significativa. Mais recentemente, as redes sociais se consolidaram como ferramentas poderosas de descoberta, especialmente entre as gerações mais jovens. Agora, com o avanço das plataformas de IA generativa, uma nova camada se acrescenta a essa transformação.
De acordo com o relatório especial Edelman Trust Barometer 2025: Brand Trust, from We to Me, 90% dos consumidores no Brasil já utilizam recursos de IA em algum momento da jornada de compra. No cenário global, ferramentas como ChatGPT, Copilot e Perplexity já fazem parte do cotidiano das pessoas a ponto de começarem a substituir os mecanismos de busca tradicionais. Mais do que trocar o Google por modelos de IA, os usuários estão mudando a forma de pesquisar, migrando de consultas por palavras-chave para gatilhos de descoberta — motivados por contexto, situação, necessidade ou ocasião.
Diferentemente dos mecanismos de busca tradicionais, as plataformas de inteligência artificial generativa entregam respostas diretas e selecionadas. Em nossos relatórios de GEOsight, observamos que até 90% das respostas sobre marcas analisadas se baseiam em conteúdos de earned media. Isso demonstra que a credibilidade da fonte tem ainda mais peso para os modelos de IA do que para os buscadores tradicionais, tornando a visibilidade de marca cada vez mais uma questão de confiança — e não apenas de palavras-chave.
Para as marcas, isso significa que a estratégia de presença digital precisa ir além do SEO, incorporando a forma como são representadas em ambientes orientados por IA. Esse movimento dá origem ao conjunto de práticas conhecido como GEO (Generative Engine Optimization). Para alcançar visibilidade consistente nesse novo cenário, é essencial adotar uma abordagem integrada em três frentes:
1. Credibilidade conquistada
Durante muito tempo, a mídia paga e os canais próprios dominaram o jogo do engajamento e da visibilidade. No cenário atual, porém, as marcas precisam moldar e proteger ativamente suas narrativas por meio de estratégias de comunicação e mídia espontânea. A IA generativa dá mais relevância ao que terceiros dizem sobre a marca do que ao conteúdo publicado diretamente por ela, especialmente em buscas de descoberta mais amplas.
2. Estratégia de conteúdo em escala
Não, o SEO não está morto. Mas, na era da IA, o modelo mais eficaz é o híbrido. Enquanto o SEO assegura visibilidade e uma boa estrutura técnica para o site, o GEO fortalece a confiança, a autoridade e a presença nas respostas geradas por inteligência artificial.
Essas ferramentas aprendem com o que está disponível — e a organização faz toda a diferença. Para se manterem visíveis, as marcas precisam garantir um fluxo constante de conteúdo qualificado e bem estruturado. Isso exige ir além de posts em blogs, investindo em páginas otimizadas, formatos multimídia e materiais projetados para serem encontrados por pessoas e compreendidos por máquinas.
3. Monitoramento e otimização em tempo real
A presença em ambientes de IA é dinâmica. Ela muda à medida que os modelos evoluem, os ciclos de notícias se renovam e novas fontes ganham destaque. Por isso, monitorar como a marca é interpretada, onde aparece e como se posiciona em relação aos concorrentes é fundamental para ajustar estratégias de forma contínua.
Empresas que não administram sua reputação de maneira proativa correm o risco de serem mal representadas, ignoradas ou associadas a narrativas ultrapassadas. Assim como ocorreu com o SEO e as redes sociais, quem adotar o GEO primeiro terá vantagens duradouras. Embora não ofereça controle total da narrativa, o GEO permite influenciar resultados, proteger a reputação e se antecipar para conquistar relevância no longo prazo.